terça-feira, 30 de novembro de 2010

Atras da Porta


Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua




Chico Buarque

Amo




Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.
Que queres que te diga, além de que te amo,
se o que quero dizer-te é que te amo?
Fernando Pessoa

Metade

"Metade dos nossos erros na vida nascem do fato de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir."

Felicidade





Pequenas felicidades passeiam por nossos dias
como joaninhas na palma
da mão,



como um desenho de orquídea
trazido pelo vento.

Para não desperdiçá-las,
há que estar sempre atento,
caminhar vagarosamente
pelos contornos da tarde,
encher os bolsos com a areia
dourada do tempo.


Até onde podemos ir?




Até onde podemos ir? Até o limite do suportável.
Um belo dia, depois de inúmeras repetições do mesmo erro, a gente desiste.
Com tristeza pela perda, mas com alegria pela descoberta, diz pra si mesmo:
cheguei até aqui. E, então, a vida muda.



[Martha Medeiros]

Se eu não te amasse tanto assim


Hoje eu sei ...
do tempo do vendaval ...
e as estrelas dá um sinal ...
se eu não te amasse tanto assim
perdesse os sonhos dentro de mim
... dentro do meu coração.

dias ...



“De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca — de vodca, de lágrima e de café.”

[Caio Fernando Abreu]

Impossivél



Impossivel enquadrar o que lateja,
o que arde,
o que grita dentro de nós


(Clarice Lispector)

Explode coração.







Chega de tentar, dissimular
De disfarçar e esconder
O que não da mais pra ocultar
E eu não posso mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar
E me cortou,
Chega de temer, chorar, sofrer
Sorrir se dar, e se perder, e se achar
E tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir
E que essa vida entre assim
Como se fosse o sol
Desvirginando a madrugada
Eu Quero sentir a dor dessa manhã
Nascendo, rompendo, rasgando
Tomando o meu corpo, e então eu
Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando
Feito louca alucinada e criança
Sentindo o meu amor se derramando
Não da mais para segurar
Explode Coração
Não da mais para segurar
Explode Coração

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Rosas


Você pode me ver
Do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço
Pra te contrariar
De tantas mil maneiras
Que eu posso ser
Estou certa que uma delas
Vai te agradar...

Porque eu sou feita pro amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa
Do que me doar
Se causei alguma dor
Não foi por querer
Nunca tive a intenção
De te machucar...

Porque eu gosto é de rosas
E rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete
Me deixam nervosa...

Toda mulher gosta de rosas
E rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas
Mas sempre são rosas...

Se teu santo por acaso
Não bater com o meu
Eu retomo o meu caminho
E nada a declarar
Meia culpa, cada um
Que vá cuidar do seu
Se for só um arranhão
Eu não vou nem soprar...

Porque eu sou feita pro amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa
Do que me doar
Se causei alguma dor
Não foi por querer
Nunca tive a intenção
De te machucar
Porque eu gosto é de rosas
E rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete
Me deixam nervosa...

Toda mulher gosta de rosas
E rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas
Mas sempre são rosas...
Porque eu gosto é de rosas
E rosas e rosas
Acompanhadas de um bilhete
Me deixam nervosa...
Toda mulher gosta de rosas
E rosas e rosas
Muitas vezes são vermelhas
Mas sempre são rosas...
Você pode me ver
Do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço
Prá te contrariar
De tantas mil maneiras
Que eu posso ser
Estou certa que uma delas
Vai te agradar...





quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tango



TANGO
(Rogério Simões)
Percorro teu corpo
Que dispo lentamente
E as minhas mãos entrelaçadas
Nas tuas
Dissipam o palco…
Num tango…
Avanço...
Rodopio na pista
Num passo de dança,
Nossos corpos balançam
Bailemos agora…
Um tango…
Somos dois loucos!
E, nossos passos embriagados
Cadenciados
Compassados.
São longos…
Rasgados.
Rasgo o teu decote
E olho os teus seios.
Não é passo! É dança.
Dancemos
Freneticamente sós
Unidos!
Entrelaçados!
(Afastados?)
(Nós?)
(Num tango?)
Dancemos agora os dois…
Um tango!














Sou Uma Loba



Sou dôce, dengosa, polida
Fiel como um cão
Sou capaz de te dar
Minha vida...
Mas olha
Não pise na bola
Se pular a cêrca
Eu detono
Comigo não rola...
Sou de me entregar
De corpo e alma na paixão
Mas não tente nunca
Enganar meu coração
Amor prá mim
Só vale assim
Sem precisar pedir perdão...
Adoro sua mão atrevida
Seu toque, seu simples olhar
Já me deixa despida
Mas saiba que eu
Não sou boba
Debaixo da pele de gata
Eu escondo uma loba...
Quando estou amando
Eu sou mulher de um homem só
Desço do meu salto
Faço o que te der prazer
Mas, oh! meu rei
A minha lei
Você tem que saber...
Sou mulher de te deixar
Se você me trair
E arranjar um novo amor
Só pra me distrair...
Me balança mas não me destrói
Porque chumbo trocado não dói
Eu não como na mão
De quem brinca
Com a minha emoção...
Sou mulher capaz de tudo
Prá te ver feliz
Mas também sou de cortar
O mal pela raiz...
Não divido você com ninguém
Não nasci prá viver num harém
Não me deixe saber
Ou será bem melhor prá você
Me esquecer...
Adoro sua mão atrevida
Seu toque, seu simples olhar
Já me deixa despida
Mas saiba que eu
Não sou boba
Debaixo da pele de gata
Eu escondo uma loba...
Quando estou amando
Eu sou mulher de um homem só
Desço do meu salto
Faço o que te der prazer
Mas, oh! meu rei
A minha lei
Você tem que saber...
Sou mulher de te deixar
Se você me trair
E arranjar um novo amor
Só prá me distrair...
Me balança mas não me destrói
Porque chumbo trocado não dói
Eu não como na mão
De quem brinca
Com a minha emoção...
Sou mulher capaz de tudo
Prá te ver feliz
Mas também sou de cortar
O mal pela raiz...
Não divido você com ninguém
Não nasci prá viver num harém
Não me deixe saber
Ou será bem melhor prá você...
Sou mulher capaz de tudo
Prá te ver feliz
Mas também sou de cortar
O mal pela raiz...
Não divido você com ninguém
Não nasci prá viver num harém
Não me deixe saber
Ou será bem melhor prá você
Me esquecer...


Eu preciso e vou mudar



Hoje eu vou mudar
Vasculhar minhas gavetas
Jogar fora sentimentos
E ressentimentos tolos.
Fazer limpeza no armário
Retirar traças e teias
E angústias da minha mente
Parar de sofrer
Por coisas tão pequeninas
Deixar de ser menina
Pra ser mulher!
Hoje eu vou mudar
Por na balança a coragem
Me entregar no que acredito
Pra ser o que sou sem medo.
Dançar e cantar por hábito
E não ter cantos escuros
Pra guardar os meus segredos
Parar de dizer:
"Não tenho tempo pra vida
Que grita dentro de mim
Me libertar!"


Que seja Doce




"Então, que seja doce.
Repito todas as manhãs,
ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias,
bem assim, que seja doce.
Quando há sol,
e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia,
contemplando as partículas de poeira soltas no ar,
feito um pequeno universo;
repito sete vezes para dar sorte:
que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce,
talvez não saiba responder.
Tudo é tão vago como se fosse nada."
 
caio f. abreu


De coração para coração


                                                                                                       
                            
      O que separa corações não é a distância, é a indiferença
       Há pessoas juntas estando separadas por milhares de quilômetros
e outras separadas vivendo lado-a-lado.
Muitas vezes nos importamos com o que acontece no mundo,
nos sensibilizamos e pensamos até em fazer alguma coisa,
mas nos esquecemos do que se passa ao nosso lado,
na nossa casa, na nossa família e mesmo na vizinhança.
Colocamos, sem querer, barreiras entre os corações que nos cercam.
A indiferença mata lentamente, anula qualquer sentimento;
e assim criamos distâncias quando estamos tão próximos.
As pessoas se habituam tanto àquelas que convivem com elas
que elas passam a não notá-las mais, a não dar mais importância.
Mas, se quisermos transformar o mundo,
comecemos por transformar a nós mesmos.
Se quisermos entrar em combates para melhorar algo para o futuro,
que esse combate comece dentro da nossa própria casa.
Precisamos olhar os que estão ao nosso lado sempre com olhos novos.
Comunicar mais, destruir mais barreiras e construir mais pontes.
Precisamos nos dar de coração a coração.
A melhor maneira de acabar com a indiferença de uma pessoa em relação a nós é amá-la.
O amor transforma tudo.
Não permita que pessoas ao seu lado morram de solidão!
Não permita que elas sintam-se melhor fora de casa que dentro dela!
Dê atenção, dê do seu próprio tempo!
Comunique-se!
Assista menos televisão e converse mais.
Riam juntos.
Há quanto tempo você não diz para a pessoa que vive ao seu lado que gosta dela?
A gente não recupera tempo perdido.
Mas podemos decidir não perder mais.
Vamos amar os corações que nos cercam
e tentar alcançar novamente aqueles que se distanciaram.
Há sempre tempo para se amar.
E se não houvesse, o próprio amor seria capazde inventar.
                                                        
                                                         Letícia Thompson

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Como posso continuar

Como posso continuar dessa maneira


Quando todo o sal é tirado do mar
Eu perdi meu trono
Estou nu e sangrando
Mas quando você aponta seu dedo tão selvagemente
Existe alguém pra acreditar em mim?
Para ouvir meu apelo e cuidar de mim?

Como posso continuar
Dia após dia
Quem pode me fortalecer em todos os sentidos
Onde posso estar seguro?
A onde pertenço?
Nesse enorme mundo de tristeza
Como posso esquecer
Aqueles lindos sonhos que compartilhamos
Eles estão perdidos e não consigo acha-los
Como posso continuar?

As vezes eu tremo no escuro
Não consigo ver
Quando as pessoas me assustam
Tento me esconder longe da multidão
Tem alguém aí pra me confortar
Deus...cuide de mim

Como posso continuar
Dia após dia
Quem pode me fortalecer em todos os sentidos
Onde posso estar seguro?
A onde pertenço?
Nesse enorme mundo de tristeza
Como posso esquecer
Aqueles lindos sonhos que compartilhamos
Eles estão perdidos e não consigo acha-los

Como posso continuar?


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Viver e não ter a vergonha de ser feliz ....



Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

                                                   Gonzaguinha





venha

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!
Martha Medeiros



A história mais difícil de escrever é a nossa própria, complexa, obscura, inocente ou perversa – bem mais do que são as narrativas ficcionais.
Brinquei muito tempo com a idéia de dizer “sim” ou “não” a nós mesmos, aos outros,
à vida, aos deuses, como parte essencial dessa escrita de nosso destino
– com os naturais intervalos de fatalidades que não se podem evitar,
mas têm de ser enfrentadas.
Acredito em pegar o touro pelos chifres, mas vezes demais fiquei simplesmente deitada e ele me pisoteou com gosto. Afinal, a gente é apenas humano.
Nessa difícil história nossa, dizer “sim” ao negativo, ao sombrio,
em lugar de dizer “sim” ao bom, ao positivo, é o desafio maior.
Pois a questão é saber a hora de pronunciar uma ou outra palavra, de assumir uma ou outra postura. O risco de errar pode significar inferno ou paraíso.
Também descobri (ou inventei?) isso de existir um ponto cego da perspectiva humana,
em que não se enxerga o outro mas apenas um lado dele:
seu olho vazado, sua boca cerrada, seu coração amargo. Sua alma árida, ah…
O ponto cego das nossas escolhas vitais é aquele onde a gente pode sempre dizer “sim” ou “não”, e nossa ambivalência não nos permite enxergar direito o que seria melhor na hora:
depressa, agora. O ponto mais cego é onde a gente não sabe quem disse “não” primeiro.
E todos, ou os dois, deviam naquele momento ter dito “sim”.
Viver é cada dia se repensar:
feliz, infeliz, vitorioso, derrotado, audacioso ou com tanta pena de si mesmo.
Não é preciso inventar algo novo.
Inventar o real, o que já existe, é conquistá-lo: é o dom dos que não acreditam só no comprovado, nem se conformam com o rasteiro.
Nosso drama é que às vezes a gente joga fora o certo e recolhe o errado.
Da acomodação brotam fantasmas que tomam a si as decisões:
quando ficamos cegos não percebemos isso,
e deixamos que a oportunidade escape porque tivemos medo de dizer o difícil “sim”.
O “não” é também um ponto cego por onde a gente escorre para o escuro da resignação.
O ponto mais cego de todos é onde a gente nunca mais poderá dizer “sim” para si mesmo.
E aí tudo se apaga. Mas com o “sim” as luzes se acendem e tudo faz sentido.
Dizer “sim” a si mesmo pode ser mais difícil do que dizer “não” a uma pessoa amada:
é sair da acomodação, pegar qualquer espada – que pode ser uma palavra, um gesto,
ou uma transformação radical, que custe lágrimas e talvez sangue – e sair à luta.
Dizer “sim” para o que o destino nos oferece significa acreditar que a gente merece algo parecido com crescer, iluminar-se, expandir-se, renovar-se, encontrar-se, e ser feliz.
Isto é: vencer a culpa, sair da sombra e expor-se a todos os riscos implicados,
para finalmente assumir a vida.
Fazer suas escolhas, assinar embaixo, pagar os preços…e não se lamentar demais.
Porque programamos o próprio destino a cada vez que,
num tímido murmúrio ou num grande grito, a gente diz para si mesmo: “Sim!”

Presente - Lya Luft




O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,
busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora:
esses dourados anos me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não menos ardor,
a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem —
retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços,
mas o sonho interminável das sereias.